quarta-feira, 21 de março de 2012

Saúde da mulher piorou em duas décadas, diz pesquisa


Por Clarissa Thomé

Rio de Janeiro - A dura rotina das mulheres, que se desdobram entre o trabalho e os cuidados com a casa, tem impacto na saúde. Um levantamento feito por uma empresa especializada em check-ups de executivos mostra que os indicadores de saúde das diretoras de empresas pioraram nas últimas duas décadas. Elas hoje sofrem mais de hipertensão, gastrite, depressão, diabetes do que no início da década de 1990.
O estudo é focado em exames feitos por altas funcionárias de grandes empresas, mas dados do Data-SUS (banco de dados do Sistema Único de Saúde) mostram que os resultados valem para toda a população. "Há cinquenta anos, de cada dez mortes por infarto, nove vítimas eram homens e uma era mulher. Atualmente essa proporção está em seis homens e quatro mulheres", afirma Carlos Alberto Machado, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Para Machado, as mulheres sofrem o "peso da dupla jornada". "Elas passaram a ser submetidas às mesmas situações de estresse dos homens. Só que vão para o trabalho e não se desligam da casa". O diretor-médico da Med-Rio Check-up, Gilberto Ururahy, analisou 60 mil prontuários de pacientes - 48 mil homens e 12 mil mulheres - realizados desde 1990. Alguns hábitos melhoraram. A alimentação desequilibrada, para ambos os sexos, caiu de 80% para 53%.
Homens e mulheres fazem mais exercícios. A vida sedentária - que chegava a 70% das mulheres e 65% dos homens - hoje atinge 50% dos pacientes. A obesidade caiu de 12% para 8% de todos os pacientes. Por outro lado, aumentou o consumo de bebida alcoólica entre as mulheres - de 25% das pacientes para 50%. Elas até reduziram o fumo - de 45% para 35%. Mas ainda fumam mais do que os homens (15%). Também cresceu a proporção de mulheres com hipertensão arterial (12% para 20%), gastrite (2% para 18%) e fadiga (10% para 15%).
"Nesses últimos 20 anos, a mulher se firmou cada vez mais no mercado, mas isso teve um efeito. O nível elevado de estresse faz com que produza cortisol permanentemente, o que atinge a mucosa gástrica. Ela não dorme bem, acorda cansada, e para se manter ativa consome doses excessivas de cafeína. Mais adiante vem a insônia", descreve Ururahy.
Ana Carolina Siniscalchi, de 44 anos, diretora comercial de uma companhia de navegação, vinha num ritmo pesado de trabalho, abatida pelas diferenças de fuso horário impostas por viagens, quando fez o primeiro check-up, há 4 anos. "Eu sofria com a pressão baixa, tive aumento de peso, não imaginava que fossem sintomas de doença. Descobri nos exames que eu tinha hipertireoidismo, com uma manifestação atípica, que parecia hipotireoidismo. Como estava muito inicial, já tratei e normalizou", conta Ana Carolina. Orientada pelos médicos, voltou a fazer atividades físicos. "A retomada dos exercícios me deixaram mais equilibrada. Não sinto mais o cansaço de antes".

terça-feira, 20 de março de 2012

Médicos Sem Fronteiras (MSF) lança o relatório sobre a Mortalidade Materna


Entidade chama atenção para a importância de ações médicas voltadas para evitar a morte de mães em contextos de crises humanitárias 08 de março de 2012 – No Dia da Mulher, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) lança o... 


Entidade chama atenção para a importância de ações médicas voltadas para evitar a morte de mães em contextos de crises humanitárias 

 08 de março de 2012 – No Dia da Mulher, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) lança o relatório Maternal Death: The Avoidable Crisis (Mortalidade materna: uma crise que pode ser evitada) , no qual destaca o fato de que muitas mulheres continuam morrendo durante o parto, algo que poderia ser evitado. O documento mostra como a oferta de cuidados obstétricos emergenciais para mulheres grávidas em contextos de crises humanitárias – crônicas ou emergenciais – pode salvar a vida de muitas mulheres. Após anos expandindo seus projetos para atender as necessidades de mulheres grávidas, MSF quer, agora, chamar a atenção global para a carência de cuidados obstétricos de emergência em situações de crises humanitárias. O documento examina a situação de grávidas em 12 países nos quais MSF atua, incluindo Paquistão, Somália, Sudão do Sul e Haiti, e enfatiza a necessidade de assistência médica emergencial, sobretudo quando ocorrem complicações no parto. “Nós sabemos que 15% de todas as gestações do mundo acabam passando por complicações graves, que põe em risco a vida da mãe”, disse Carolina Batista, diretora da unidade médica de MSF Brasil. “As mulheres precisam ter acesso a cuidados obstétricos de qualidade, estejam elas no Rio de Janeiro, em Porto-Príncipe ou Mogadíscio, pois a realidade é mesma tanto em um hospital moderno de uma cidade internacional quanto em uma zona de conflito, campo de refugiados ou tenda de plástico, instalada após um terremoto devastador.” Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, aproximadamente mil mulheres morrem durante o trabalho de parto ou por alguma complicação relacionada à gravidez todos os dias. No entanto, com a ajuda de assistentes de parto e com acesso a medicamentos e equipamentos adequados, as vidas de muitas mulheres – e seus bebês – podem ser salvas. A hora do parto é o momento mais crítico para salvar a vida de mulheres e crianças, uma vez que a maioria das mortes ocorre pouco antes, durante ou logo após o parto, na maioria das vezes devido a complicações que não podem ser previstas. MSF, como organização médica de emergência, busca sempre obter impacto significativo e imediato na mortalidade materna em contextos de crises humanitárias. MSF investiu no desenvolvimento de capacidade técnica e logística para oferecer assistência obstétrica essencial gratuita. “É uma tragédia o fato de ainda estarmos vendo tantas mulheres morrendo durante o parto, quando sabemos que a oferta de cuidados de qualidade nesse momento pode evitar isso”, concluiu Carolina. “Precisamos lembrar sempre que a morte de uma mãe em trabalho de parto é uma morte evitável.” Assista aos vídeos que mostram como é possível salvar a vida de mulheres – e de seus bebês e ajude Médicos Sem Fronteiras a espalhar essa mensagem para o maior número de pessoas. Saiba como! MSF oferece assistência obstétrica em aproximadamente 30 países. Em 2010, equipes da organização auxiliaram os partos de mais de 150 mil bebês.

domingo, 18 de março de 2012

Reunião do CNS promove debate sobre a Violência contra a Mulher

Por Paulo Navarro
Postado em CEBES, Z



Com a presença da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SEPM), Eleonora Menicucci, do Ministro Padilha e dos Conselheiro(as) presentes, grande parte da manhã dessa quinta-feita, 15/03, foi tomada pelo debate e exposição de situações de risco e indignação de casos de violência contra a mulher. A Presidente do Cebes, Ana Costa, representou a entidade durante os dois dias da 231ª Reunião Ordinária do CNS.
A ministra Eleonora Menicucci afirmou estar satisfeita em sentir que o paradigma da integralidae está inserido no Ministétrio da Saúde, segundo ela “a perspectiva da integralidade nas ações voltadas para a saúde da mulher foi uma vitória muita grande das mulheres brasileiras e essa perspectiva não pode retroceder, e cada programa e ação devem se remeter a ela”.
Eleonora Minecucci deixou claro seu compromisso em avançar no enfrentamento à qualquer forma de violência contra à mulher e lançou um desafio: “O Ministério da Saúde precisa trabalhar conosco nesse enfrentamento”.
Maria Esther Vilela, coordenadora da área técnica de Saúde das Mulheres da Secretaria de Atenção à Saúde do MS, apresentou alguns dados relevantes sobre a situação da mulher vítima da violência. A maior incidência de casos ocorre com mulheres na faixa etária entre os 20 e 59 anos, sendo que 33,9% têm até oito anos de estudo. 65% sofrem de violência doméstica e cerca de 50% são agredidas dentro das próprias casas, principalmente por conjugues, conhecidos e pais.
Na apresentação, intitulada Balanço do Mês na Saúde: Atenção às Mulheres em Situação de Violência, também foram apresentadas as conseqüências mais comuns na saúde dessas mulheres em função desse quadro de agressões: dores crônicas, doenças mentais, aborto, enxaquecas, DST/Aids, entre outras.
Ana Costa, presidente do Cebes, celebrou, como a ministra Eleonora, a retomada do tema da integralidade, recuperada no balanço apresentado, porém ela advertiu: “não podemos pensar em integralidade exclusivamente no setor público nesse momento em que o sistema privado tem se expandido e incorporado maior tecnologia”.  Ana também comentou sobre a apresentação, “escutei um balanço, porém precisamos discutir os impasses e as dificuldades estratégicas no avanço real do cotidiano das mulheres”.
A presidente do Cebes lembrou que a violência intra parto no sistema privado é tão importante quanto no sistema  público.
A Conselheira Dra. Santinha, coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde da Mulher do CNS, citou a importância da violência simbólica como a violência que ainda não é mostrada em dados. Segundo ela, seriam dados não registrados e a falta de estudos sobre questões mais complexas sobre a violência contra à mulher. “Se uma mulher morre em uma sala de parto por falta de atendimento isso é uma questão de violência que não é registrada e não entra para os registros”, afirmou Santinha.
O Ministro Padilha se comprometeu com uma maior fiscalização nos serviços que prestam atendimento às mulheres em situação de violência. O objetivo, de acordo com Padilha, é ampliar a qualidade nesses serviços.
Confira no vídeo abaixo o balanço feito por Ana Costa dos dois dias de reunião do CNS, que além da pauta da atenção às mulheres em situação de violência teve o contingenciamento do orçamento e a questão do financiamento da saúde como temas principais: